terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Flash-Back

Há quase exatamente um ano eu desisti desse blog. Não havia tempo para escrever, para parar e refletir sobre o que me acontecia. E eu queria mais era viver, experimentar... E isso, às vezes, parecia irreconciliável com o blog. Até porquê aqui eu acabo revivendo uma porção de coisas, e isso era complicado para mim. Algumas situações, eu mal conseguia VIVER, quanto mais RE-VIVER.
Além disso, eu queria ter um cuidado danado para não ser muito pessoal... Não tornar isso aqui um "diário online".

Então, minha última postagem foi "30 coisas que aprendi em 2007".

Acho que aprendi uma porção de coisas em 2008. A maioria não foi fácil de aprender. São coisas óbvias, mas cuja compreensão custou-me 12 meses e 1001 situações diferentes. Uns foram insights, intuições... Outros, só se materializaram para mim à medida em que eu escrevia esta lista abaixo. Bom, pois é: tirando o medo de me abrir para toda uma gama de possível leitores que eu conheço, desconheço, e que me podem me entender ou não (ou seja: superado o medo de ser pessoal) e superado o medo de reviver as coisas...

... Aí vai:

Aprendi que família é mesmo a melhor coisa do mundo.
Aprendi que melhores amigos vão ser sempre seus melhores amigos. Mesmo há 70 km de distância.
Aprendi que amar alguém é a melhor coisa do mundo. Estou tentando aprender que não é a ÚNICA coisa do mundo.
Aprendi que mesmo uma pessoa honesta, justa, profissional pode ser vítima de um sistema injusto, desonesto e dado a privilegiar quem não merece.
Aprendi que em terra de cego, quem tem olho é quem mais sofre.
Aprendi que meus sonhos são responsabilidade minha. Mas não sei o que fazer com isso ainda.
Aprendi que 24 anos é pouco tempo de vida e que ainda eu não sei nada.
Aprendi que relacionamentos que eu julgava perfeitos podem acabar de repente; relacionamentos que eu julgava instáveis podem se tornar compromissos de vida; relacionamentos com quem não sabe se relacionar nunca irão p'ra frente.
Aprendi que ler, pintar e escrever são fundamentais para mim.
Aprendi - aliás, estou aprendendo - que tem coisas que eu simplesmente não vou poder controlar: ou porque não são problemas meus, ou porque não são da minha alçada.
Aprendi que a gente pode mesmo eleger pessoas para adotar como sua família e você passa a gostar deles por nada.
Aprendi que as pessoas mais inusitadas podem me dar lições de vida.


Como diz a música do IRA!, "Flash-Back", em 2008, merecem ganhar o prêmio NOBEL DA PAZ:
Minha mãe;
Taís;
Zé;
Porque foram meus amigos e minha família em vários momentos - e TODOS se revezaram nestes papéis, com paciência e carinho.
Meu pai;
Isabela;
Rafaela.
Do jeito "doido" deles, me inspiraram, pelo simples fato de estarem aqui.

Findo este meu pequeno Flash-Black, aprendi mais uma coisa: que não é possível condensar um ano de experiências e momentos únicos em um único post. E já emendo uma resolução de ano novo: não vou mais deixar esse meu blog à deriva.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

30 coisas que aprendi em 2007

1.Beijos não são contratos
2.Presentes não são promessas
3.Cuidado com o que você diz aos outros
4.Cuidado com o que você diz dos outros
5.Pense bem antes de agir
6.Gostar de alguém não faz esse alguém gostar de você
7.Gostar de alguém não faz com que esse alguém seja o certo para você
8.Tenha maldade
9.Errar não só é humano, mas necessário
10.A mediocridade pode mesmo ser dourada
11.Cuidado com pré-julgamentos e preconceitos.
12.Qualquer um pode vir a ser seu melhor amigo ou seu pior inimigo
13.Às vezes é preciso escolher entre o que é fácil e o que é certo
14.Antes de desistir, tentar de tudo
15. Antes de extrapolar o tudo, desistir
16. Paciência, paciência, paciência
18. Às vezes, vale a pena acordar arrependida a dormir com vontade
19. Para amores impossíveis, o remédio é o tempo
20. A diversão não está - tão-somente - escondida no pecado
21. É possível mudar muitas coisas
22. Nem sempre é preciso bater de frente com as pessoas, se você puder sair pela tangente
23. Algumas coisas, as pessoas não fazem por maldade; e sim porque não dão conta de fazer diferente
24. Mesmo em situações desconfortáveis, é possível achar algum proveito
25. Submissão não é o mesmo que cordialidade
26. Ser ingênuo, em algumas ocasiões, é pior do que ser ignorante
27. Muitos momentos da vida se parecem... O que muda é a perspectiva com que os encaramos. A vida evolui como uma laranja sendo descascada; uma espiral ascendente... A cada tira, passamos por lugares semelhantes, mas nunca pelo MESMO lugar.
28. O sofrimento dos outros não alivia o meu, de forma alguma
29. Verdadeiros amigos são muito raros. Mas persistem, apesar de tempo, distância e disponibilidade.
30. Continua sendo verdade: tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas.

domingo, 18 de novembro de 2007

E a vaquinha foi pro brejo

Há um conto, muito difundido por sinal, que diz que uma família paupérrima morava nos arredores de uma zona rural. Sua fazenda era a mais árida, ressequida, sem recursos de toda a região, e o único sustento da família era uma vaquinha leiteira. Certo dia, um sábio passou por ali. Analisando a vida daquela família, pegou a vaca e conduziu até um brejo, onde a pobrezinha morreu, atolada. Passado algum tempo, o sábio voltou à fazenda, encontrando a terra próspera e trabalhada. Isso se devia à morte da vaquinha.
Bem, resumidamente, este é o conto. E o que nos ensina? Muitas vezes nos apegamos a alguma coisa - ou pessoa - pensando que ela é essencial para nossa sobrevivência. A vaquinha, no conto, tornou-se um entrave no desenvolvimento da família, que, acomodada, não pensava jamais em evoluir. Parecia que a situação, sem a fonte do leite, apenas pioraria. Não paravam para imaginar como poderiam melhorá-la.
Claro que isso acontece na vida, diariamente, com milhares de pessoas. Amigos ruins, relacionamentos daninhos, empregos desgastantes. São nossas "vaquinhas". Vamos cuidando delas, com carinho, com zelo. Aguentamos mais do que podíamos, e bem mais do que deveríamos por causa da firme convicção que se está "ruim com ele, pior sem ele".
A solução dos problemas aparece justamente quando a vaca vai pro brejo. Nos primeiros dias, pensamos que vamos morrer. Mas -que surpresa! A vida continua. E o tempo vai passando, a dor da perda vai se aliviando... E todo um horizonte de possibilidades se descortina diante de nós.

Sua vaca foi pro brejo? Graças a Deus! No começo será doloroso, mas lembre-se de aproveitar a oportunidade. Saiba que você não só vai SOBREviver. Aí é que você vai VIVER mesmo.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Feliz Aniversário

Ontem foi aniversário da minha avó. Noventa e seis anos de vida, dos quais seis ela passou presa à cama ou a uma cadeira de rodas. Está muito diferente daquela Vó Geralda da minha infância. O nariz, outrora bastante proeminente, quebrou-se a alguns anos num ímpeto de levantar-se da cadeira de rodas e firmar-se nas pernas que já não forneciam sustentação ao seu corpo. Hoje em dia, é um nariz menor e torto, marcado pela sonda amarela que adentra a narina esquerda. Por aquele tubinho minha avó toma as suas refeições. A boca agora mantém-se aberta como um grande túnel róseo, incapaz de emitir palavras, apenas sons guturais. Mas os olhos.... Apenas através daqueles pequenos olhos negros e brilhantes reconhecemos a implacável idosa que ali se encontra.
A marca registrada da minha avó sempre foi a austeridade. Uma senhora que se tornou viúva com cerca de quinqüenta anos e onze filhos para criar. Trabalhava dia e noite para bem criá-los; aprendeu a ser forte, dura como um tronco de carvalho - e desaprendeu o afeto e a ternura. Era uma avó ranzinza e muito séria, inclinada a dar lições de moral, com o semblante invariavelmente carregado.
Mas era, de fato, uma mulher surpreendente. Bebia cerveja como um homem, era fanática por futebol. O fato de ser independente e animada rendeu-lhe a pecha de "pra frente".... Dizem até que possuia uma pequena pistola e um soco inglês... Mas não posso afirmar com certeza - nunca tive uma conversa intensa com ela. Minha avó era do tipo bem reservado e que não perdia muito tempo proseando com crianças.
Exercia sobre os netos aquele fascínio que só as pessoas severas conseguem: conquistá-la era um desafio e provocá-la tornou-se uma diversão. Até mesmo porque não era difícil aborrecê-la: a casa, embora muito humilde, era um templo da limpeza e da perfeita arrumação, e o simples fato de estarmos dentro dela parecia preocupar minha avó.
Ontem, ali estava ela. A cadeira posicionada dentre a roda de filhos e amigos presentes (dos onze filhos, apenas cinco estavam ali; dos setenta netos, apenas oito) para que rezássemos o terço. Que outro presente poderíamos lhe oferecer? A disposição dos móveis é totalmente diversa daquela do tempo em que era senhora da casa; agora, fica por conta das enfermeiras o comando do lar. De camisola, imersa no som lúgubre que têm as orações destinadas aos doentes, os olhos da minha avó faiscavam. Pensei imediatamente no conto "Feliz Aniversário", encontrado em "Laços de Família", de Clarice Lispector.
Se pudesse, Vó Geralda levantaria e cuspiria no bolo. Aniversário sem filhos, sem netos, sem música e sem cerveja. Vestida por outras pessoas, com uma camisola cheia de babados - ela, que só usava sóbrios vestidos de chita. A casa arrumada por "estranhas", em nada lembra aquele "santuário" de outrora. Presa a uma cadeira de rodas, amarrada para não cair - Vó Geralda estava sempre andando, mexendo, catando copos, lavando pratos...
Sim, ela cuspiria no bolo. Mas não tem forças para isso. Nem para isso.
Manifestou sua indignação da única maneira que podia: pelos olhinhos negros, flamejantes, enquanto numa tentativa aflita de falar, gemia alto e sofregamente. Vovó ainda não desistiui de viver do seu jeito; ainda não desistiu de si mesma.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

domingo, 19 de agosto de 2007

Na Outra Margem do Rio


Em sua carta aos Hebreus, Capítulo 11, versículos 1-2, São Paulo faz uma excelente descrição da fé: "... é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se vêem".
Acrescentando a este conceito uma noção visual, podemos imaginar um rio: numa margem está o que É, o presente; na outra, o que PODE SER. Duas realidades, ligadas por aquele curso d'água, que é a fé.
Somente pela fé - no sentido de confiança - vislumbramos certos sonhos, e somos capazes de suportar bem mais do que normalmente agüentaríamos.
Não fosse a antecipação daquilo que se pretende, essa certeza sobre o que ainda é incerto, um aluno jamais conseguiria estudar com afinco para ser aprovado em um vestibular. Um casal de namorados jamais sobreviveria à primeira crise no relacionamento, não esperassem serem felizes juntos. É a certeza daquilo que esperamos que alimenta a coragem e a tolerância em nós.
Conheci alguns casos em que o rio se alargou muito, engoliu um bom pedaço das margens e afastou muito as realidades, de modo que já não era possível avistar uma a partir da outra. A fé havia sobrepujado a própria expectativa, virando um rio caudaloso, indomável e muito forte. Em outros casos, o curso d'água secou, e seu leito transformou-se numa terra agreste e inóspita, quase impossível de atravessar.
Talvez, o segredo seja não esperar passivamente que própio rio una suas duas bordas. É muito fácil confundir esperança com passividade - e é nessa situação em que nossos sonhos se distanciam de nós. Seja por excesso de otimismo ou por falta dele, a fé pode tomar proporções inesperadas, e é necessário que ela exista na porção certa para interligar as realidades.
O melhor a fazer é adentrar o rio. Suportar o frio, as pedras do fundo, a correnteza. Não esperar até que ele vire um mar ou um deserto, mas trabalhar a fé, enquanto ainda se pode fazê-lo.
Elemento inerente ao ser humano, a fé é naturalmente dinâmica. Ou assim deve ser, para que se possa desfrutar da realização da promessa, e não meramente observá-la e saudá-la de longe, como se fôssemos peregrinos em relação aos nossos próprios sonhos.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Estou postando aqui um texto que nem é meu e que tirei de outro blog. Nunca fiz isso antes, mas o conteúdo é significativo... Às vezes, as pessoas tendem a ser meio cegas em termos de relacionamentos, o que faz com que apenas palavras mais duras e cruas podem ser capazes de penetrar a couraça de contos de fadas e mitos que criamos acerca do amor.

"-Tem um cara por aí que vai querer dizer para todo o mundo que é seu namorado. Pare de marcar bobeira e vá ao encontro dele
-Não fique com alguém que não cumpre o que promete -Você merece uma porra de um telefonema
-Você merece ser convidada para sair
-Você pode levar mais tempo para encontrar sua auto-estima perdida do que um novo namorado, por isso reavalie suas prioridades baseada nesta premissa
-100% dos caras pesquisados disseram que nunca foram para a cama acidentalmente com alguém (mas muitos quiseram saber como esse acidente acontecia, e como podiam se envolver num deles)
-Tire-o completamente da vida. Deixe que ele sinta sua falta
-Ele não precisa lembrar que você é maravilhosa
-Você não pode reverter uma separação com conversa. Essa situação não está aberta a discussão. O fim do namoro é um ato definitivo, não democrático.
-A melhor vingança não é raiva, mas distância emocional, o mais rápido possível
-Não dê chance ao cara de rejeitar você de novo
-Não há mistério- ele foi embora e não era suficientemente bom para você
-É muito simples! É. Você vai conhecer muitos homens em diferentes estágios de recuperação de outros relacionamentos. Se ele realmente estiver a fim de você, vai superar os problemas rapidinho e tratar de não perdê-la. Ou então, deixará bem claro o que sente, sem nenhum mistério, e dirá, antes de mais nada, que nesse momento não poderá satisfazê-la. E então você pode ter certeza de que no minuto em que ele estiver pronto, sairá correndo para encontrá-la. Você é uma pessoa que não se esquece facilmente.
-Um amigo meu saiu pela primeira vez com uma mulher que mencionou que também estava saindo com um homem casado. Ele disse imediatamente para ela que não iam sair de novo, porque se ela não gostava de si própria o suficiente para ter um relacionamento equilibrado, por que ele deveria gostar?
-O que você deveria ter aprendido neste capítulo?
- Ele é casado - A menos que seja todo seu, ele ainda é dela
- Há homens legais e solteiros no mundo. Ache um e saia com ele.
- Você não é uma mulher fácil de se esquecer. Deixe que ele a encontre quando estiver pronto.
- Você já tem um cu. Não precisa de outro.
- Crie espaço na sua vida para as coisas gloriosas que você merece.
- Tenha fé. Que escolha nós temos?
- Relacionamentos de merda fazem com que vocês se sintam uma merda, e não foi para isso que foram postas neste mundo. "

"Ele simplesmente não está a fim de você- entenda os homens sem desculpas"- Greg Behrendt e Liz Tuccillo- Ed. Rocco
In: http://www.sonamadrugada.blogger.com.br/

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Cultive seu lado dark

É, esse é um convite que pode parecer estranho aos outros. Ninguém quer desenvolver esse aspecto de sua personalidade. Somos criados para exaltar a felicidade contínua, o bem estar frenético, a alegria duradoura. Por isso lemos livros de auto-ajuda e horóscopos, buscamos a religião e terapeutas, assistimos a comédias românticas, "A Noviça Rebelde" e aos filmes do Capitão Jack Sparrow.
Mas, na verdade, é impossível ser feliz o tempo todo. De fato, é impossível sorrir sem antes chorar, acertar sem antes errar. Infelizmente, não temos um manual de instruções da vida, não podemos ganhar experiência sem antes... Bem, sem antes experimentar.
O lado dark é bem este: é quando você admite chorar, gritar, escutar música barulhenta e ver filmes do Stanley Kubrick. É composto daquele seu retrato horroroso, daquele dia que seu cabelo está absolutamente rebelde. É se vestir mais de preto do que roupas coloridas; é até mesmo deixar de desejar "bom dia" para os outros.
Não digo para ser assim todo o tempo, mas cultive seu lado dark com a mesma intensidade que você cultiva seu lado light. Cometa erros, seja grosseiro, seja amargo agora - mas para acertar, ser educado, ser doce depois.

Afinal de contas, não dizem por aí que o equilíbrio é a chave de tudo?

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Faz De Conta

Todo mundo já ouviu histórias de contos de fadas - pelo menos uma vez. Geralmente, quando crianças. Porém, em outras situações, ouvimos esses mesmos contos quando adultos. E nos pegamos num dilema: acreditar ou não acreditar?
Depende muito de sua carência. Em casos de carência afetiva, você quer mesmo que um princípe encantado venha lhe resgatar de sua tediosa existência; para os carentes de imaginação, nada melhor do que um pouco de mágica na vida. Às vezes, tudo o que precisamos é pensar que aquele sapo vai virar um homem lindo, se lhe dermos tempo e atenção necessária.
Mas aplicar a lógica do faz de conta no mundo real pode ser perigoso para o coração. Este dificilmente é enganado, e simplesmente fechar os olhos e fingir não vai mudar isso. É aquele pequeno espinhozinho que cutuca de vez em quando: "há algo errado aqui, não acha?" - ele nos diz.

Talvez sapos virem princípes no mundo real. Não sei, nunca vivenciei isso. Meus sapos sempre foram sapos. Quando se pareciam com princípes, era eu, forçando terrivelmente a vista, apertando os olhos até enxergar sombras por entre a cortina de cílios.

Por vezes, tenho até medo de a fantasia me abandonar completamente, e eu me encontrar sozinha no escuro. Mas, para quem não quer viver enganada, o faz de conta não serve. Eu não quero fazer de conta que estou feliz. Eu não quero fazer de conta que está tudo bem. Prefiro imensamente enxergar a verdade - por mais que doa. E dói.